terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A vida é assim...começo, meio. Fim.

Van Gogh
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Vez em quando, entre uma e outra sacolejada da vida, deparo-me com uma peneira em minhas mãos.

Crio certa resistência em iniciar o movimento que define sua finalidade, afinal há tantos pedregulhos que se confundem com pepitas de ouro, pois cintilam levemente sobre a água.

Mas meu coração sabe... e por mais que hora ou outra tente se enganar, ele possui as chaves dos portais de todas as indagações. É na lágrima, é no sorriso, é no silêncio que crio, que as respostas vão criando formas. Saltam coloridas, como água que vai pingando no papel mágico e as letras se descortinam aos meus olhos, revelando os novos passos, os caminhos que meus pés irão traçar.

Não se deixe enganar por falsos pergaminhos que aparecem no caminho. As melhores respostas estão na bússola do seu coração.

E já havia tempo que me era apontado outra direção...cega tateei pelo escuro à procura de um feixe de luz, uma solução, o meio termo que permeia a flexibilidade tão necessária para a leveza.

Mas ledo engano de minha parte. Quando o coração dita os rumos, não há o que revidar.

Vez em quando, é necessário. Dói, encontra-se resistência; todo o ato de desvincular-se traz um sentimento incômodo de impermanência.

Mas peneirar é preciso. Hábitos, pensamentos, pessoas, situações, medos e qualquer significado que possa trazer esgotamento ou aquele velho e conhecido comodismo.

Separemos as pedras preciosas de pedregulhos, sem nos esquecer que muitas vezes são estes nos fazem crescer, pois nos engrandecemos com as experiências. Mas, jamais esqueçamos que nossa felicidade é composta da nosso arbítrio e a capacidade de escolher somente o que nos faz cantar de alegria.

E como dar adeus, sem pronunciar a palavra aos quatro cantos? Há despedidas que são silenciosas. São fruto da ausência de gestos e significados. Vivem no abismo da falta de sentido, na repetição banal de hábitos que já não mais se encaixam no todo.

E se não faz mais sentido, jaz aí a morte natural, o adeus e o renascimento de um novo momento.


Se precisa chorar em frente ao túmulo e depositar suas flores, não te lamentes trazendo um epitáfio arrependido.

Sorria.

O sorriso da consciência tranquila de quem viveu intensamente tudo que poderia se viver e algum dia no entardecer, despediu-se silenciosamente.

A vida é assim... começo, meio.

Fim.

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Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.


Fernando Pessoa