Nicoletta Ceccoli
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Imagine um poço. Fundo... mais fundo que toda a extensão infinita do universo.
Há de se imaginar o que lá habita. Há de se imaginar a profundidade que dita o mistério de todos os mistérios. E por mais que a inteligência seja capaz de prever, ou de chegar perto de todas as respostas, a vã filosofia de nossa existência, nos condena à uma pequena partícula de todas as verdades. Impossível saber. Impossível ser onipresente. Impossível ser onisciente.
E qual a chave que abre o portal de todos os segredos ocultados por um misterioso advir de eternidade? E qual a chave da saudade?
E qual a chave da sanidade destes dias sem sentido?
E do que é feita esta saudade que não tem sobrenome, tamanho, não cabe numa caixa, não tem cor ou sabor, nem suporta a dor da falta de destinatário?
É uma saudade que nem existe no dicionário.
A saudade das coisas que jamais aconteceram. Dos momentos ocultados, jamais revelados por um sopro de realidade. Sobrevoaram na imaginação, sonhando um dia tocarem o chão.
Queria apenas, voar... e lá em cima, ser capaz de tocar as nuvens. Colorí-las com pequenas alegrias. Enchê-las de água, com algumas tristezas. Relampejar, para chocoalhar mentes e corações limitados.
E lá de cima, enxergar o poço. Enxergar além da superfície tátil de todas as coisas que não fazem sentido. E lá no fundo, encontrar o seu sorriso. O sorriso da minha saudade e da minha paz, ainda sem destinatário, mas digno de todos os bons sentimentos que alguém é capaz de entregar.
Um dia, fruto desta saudade sem nome e sem tamanho, eu receberei como um presente divino, a chave do portal que abre todas as verdades ocultadas. Elas todas serão reveladas; açucaradas ou não, mostrarão o caminho de toda a sabedoria da vida.
Provo a bebida da ignorância. Não saber, pode ser injusto. Mas desconhecer detalhes do que lhe é ocultado pelo destino, pode aliviar os caminhos e promover o arbítrio. Pode trazer mais chuva, em dias de calor, e mais sol em dias de frio.
A verdade, cortante como uma faca, liberta. Mas acorrenta, os corações mais amedrontados pelo 'não saber viver'.
Quando acordar, quero apenas sorrir e chorar. Saberei que estou longe, muito longe do poder de Ser. Mas muito perto, perto demais de Estar. E que ser e estar, só vai depender da minha capacidade de sorrir e chorar, sem medo de sorrir; e novamente, sem medo de chorar. Sem medo, principalmente, de re-co-me-çar.
Recomeço.
Meço meu coração. Ele tem o tamanho do universo. Porque é digno, de cair e levantar. De sempre, sempre, sempre, sempre re-mo-çar.
Remoço.
E o poço?
Já não importa mais. Enquanto vida for vida, jamais saberei a dimensão do profundo oculto do tudo.
Contento-me então, com um coração universo.
Ele é do tamanho do que eu acredito.
E no que eu acredito?
Eu só acredito no amor.
Só o amor me faz acreditar. Ainda há?
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