domingo, 30 de agosto de 2009

Planeta In lake´sh

Romero Brito
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Ouço o ruído do mundo. Esse zun zun zun irritante, gritante, repetitivo. E concluo, como a canção de Renato Russo: “Tenho quase certeza que não sou daqui!”

É a política nacional que não se ajeita. A mesma novela repetitiva, com os mesmos bandidos e mocinhos. E no meio da trama, os papéis vão se misturando, não sabemos mais quem é o vilão, quem é o mártir, quem é o salvador da pátria.
Vivemos numa selva de bichos estranhos, onde os próprios bichos não se unem pra apagar o fogo da selva. Preferem cada um se esconder no alto da árvore. E assistir os que não conseguem sequer andar, crepitar, se decompor em cinzas embaixo.

É essa mídia nojenta, dando foco aqueles que dão péssimos exemplos. É esse monte de lixo e banalidades que a televisão oferece aos milhões que os assistem. Influenciam mentalidades mal preparadas, que só se submetem à realidade que conhecem. É essa alienação que estimulam, para servir mais ainda ao sistema econômico que nos suga até o talo.

É essa mania nacional, de bater palmas aos artistas lixo, preocupados com sua imagem e cifras. Aqueles artistas que se amam na arte, e não ao contrário. Que não utilizam seu instrumento artístico para mobilizar, conscientizar, cutucar, além de levar beleza, encantamento a esse mundo tão fustigado.

É essa mentalidade escrota, machista, mesquinha de nossa sociedade. Que priorizam costumes estranhos, só pelo ato do hábito, da tradição e não se questionam se são válidos nos dias de hoje. É essa mania de pré-julgar, de não abrir-se à empatia, de não enxergar com amor os diferentes e tentar aprender com as diferenças.

Eu, filha da arte, do utópico sonho de educação, eu que sinto o mundo por poros sensíveis, sonhadores, me ressinto com essa nuvem de poeira. Vivo no meu próprio mundo, tento com minhas armas tão frágeis modificar algo em mim, para poder transformar algo no outro. São os afetos-reflexos me movendo em direção ao que acredito.
Me sinto extraterrestre diante dos assuntos em voga. Dos programas de televisão, das notícias que se repetem, das mudanças bruscas e insensatas da nossa contemporaneidade.
Talvez esteja errada e a vida me ensine a pensar diferente.
Mas simplesmente não consigo me encaixar nesse modelo, nesse conceito, nesse contexto.

E ficou ouvindo esse zunido absurdo, que a mim não faz o menor sentido.
Sonho com meu planeta “In lakes´h”, tão diferente daqui, redondinho, azulzinho, colorido, vibrante e alegre como uma tela de Romero Brito.
No meu planeta, a Arte é o Deus, e é pra ela que agradecemos todos os dias!
Namastê!

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O que resta?

Edgar Degas
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Resta o nada.
O vazio.
A lembrança.
O desenho imaterial de tantas cenas vividas, vai se apagando lentamente. A dor se sobressai vitoriosa, implacável, permanentemente remexendo, cutucando, raspando nas paredes da sanidade, arrancando pinturas, reboque, desgastando os tijolos.

A dor física, um fisgar, um torcer no peito, oprimindo, comprimindo, sugando o que havia de bom, domina. Somente a boca se abre. Escancarada e muda. O som não sai. O medo não se esvai.

Tudo permanece. Rígido, molhado, denso.

Sombra. A pesar o coração.
Peso. A sobrepor-se na escuridão.
Não existe consolo, remédio. É a constatação cruel, que o que existia, não mais vive além de nuvens de algodão nas mentes dos que amam, a rodopiar no salão da morte.
O silêncio entrecortado por espasmos. Por soluços delirantes.
A loucura aparece como libertadora da opressora realidade. Entregar-se ou debater-se?
Entregar-se a dor, debater-se para a realidade?
Debater-se na dor, se entregar a realidade?
Não há escolhas, não há caminhos.
A terra abafando os últimos resquícios de uma vida que existiu. Abafando sorrisos compartilhados, de tantos sonhos sentidos, de sentimentos intensamente vividos. Abafando suor, lágrimas, cheiros, sensações, imagens, de expectativas, de sangue a correr nas veias, de palpitações, de vida!
De uma menina...
De uma doce menina... que se foi para sempre.
E a dor, tão gigantesca, transforma-me num ser tão pequenino.
E as pequenas lembranças, são o que restam para não me esquecer das grandezas. Da grandeza de menina que era. Que é, e pra sempre será, pra aqueles que te amam. Para mim.
Vá e voe, lindo anjo doce, nas nuvens de algodão.Traga-nos a chuva, a banhar-nos de paz e imensidão.

(Texto escrito a partir de uma vivência para a construção de minha personagem, para o curta metragem "Cerimônia". Elisa, perde a irmã mais nova, de apenas 17 anos, repentinamente. Dedico a um grande amigo, Vini, mais conhecido como "Cu", que perdeu o pai recentemente. Dedico a todos que já tiveram uma perda irreparável como essa. Que Deus, possa confortar e iluminar nossos corações. AMÉM)



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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Eu...

Salvador Dali

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Eu...

Que venho me afastando de mim.

Não sei mais.

Não sei em que cais é meu porto.

Não sei que me resta, que me aguarda, que festa frequento.

Eu, que tão certa sempre estive, faço minha sesta do outro lado do muro.

Eu, que sempre tão junto, agora me separo, me afasto, encaixo, renasço, despedaço, refaço, aumento meu cansaço, diminuo o espaço entre o eu mais profundo e o eu superficial.

Trilho caminhos desconhecidos, ou até quem sabe tão percorridos, mas de qualquer forma sombrios, pela negra luz do afastamento do sonho, apenas iluminado por cifras cintilantes tão merecidas.

Me encontrarei nesta imensidão que me encontro perdida?
Me perderei nesta estrada que encontrei?

Não pense, não fale, não sinta...

Faça, aja, lute, corra, queira, participe, seja!

Pólos de alegria e dor, de certo e errado entrelaçam-se e confundem-se.

Na dúvida resta a alegria.
No sorriso, resta a interrogação.

Do mais, nada mais, siga o coração.
Seguir adiante, sorrindo!

As escolhas vão abrindo caminhos e tais caminhos fazem nossas escolhas.

Escolhas escolas de vida. Escolas escolhas de vida.

Que assim seja...até o momento que minha alma me chamar de novo...


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