Miró
.•♥´¨`♥•.¸¸.•♥´¨`♥•.¸¸.•♥´¨`♥•..•♥´¨.•♥•♥Somos humanos e como tal, somos amantes de clichês. Previsivelmente repetimos os mesmos padrões de comportamento diariamente em todos os cantos do mundo.
Bate-se à minha porta novamente; como se eu já não pressentisse ou mesmo tivesse certeza pela simples experiência que a observação e vivência me ofertaram generosamente.
Anteriormente, não me restariam dúvidas. As minhas portas uma vez fechadas pela dor e mágoa, lacravam-se automaticamente a cada aproximaxão vã, a cada passo insensato onde eu farejasse feridas futuras.
Repeti por tantas vezes encerrar amores, que tal ato tornou-se um paradigma em minha vida.
Desta vez pergunto-me: Orgulho ou mergulho?
Estava eu, mergulhando em mares azuis, numa profundidade além da permitida e imaginada anteriormente, quando um tsunami invadiu a superfície e interrompeu o trabalho que comecei.
Permaneci intacta, a não ser pelo frio na barriga inicial, o coração acelerado pelo susto, o medo de ocorrer algo pior, mas lentamente fui subindo à superfície para respirar ar.
Engraçado como os anos passam, as paixões são vividas e a gente só percebe muito tempo depois, que amor não tem a ver com intensidade.
Que a paixão sim é tsunami arrasadora, é tempestade enfurecida, que nos rodopia, corta o nosso ar, lateja o pensamento incessantemente, dói lancinamente, dá uma falsa sensação de felicidade através de uma euforia histérica, nos dá a ilusão de estarmos vivos.
O amor não tem a ver com intensidade. É profundo, sim, mas não intenso. Amor é brisa de orvalho matutino, é sol nascendo e espalhando raios de sol. O amor é um bichinho tão sutil que a gente até duvida que é amor. Amor é um mergulho no oceano, azul e colorido, vivo em milhares de espécies que habitam em seu interior. Quanto mais se aprofunda, mais matizes e diversidade descobre-se. É silencioso e regenerador.
Não vou ser hipócrita e dizer que não há delícia em estar apaixonado. De sentir o estômago na boca, de não dormir de dor e saudade, de girar em torno de si mesmo olhando para o nada, a cada vez que se pronuncia o nome da pessoa amada.
Mas depois de tantas paixões vividas, e de tanto vazio posterior ao cristal da ilusão estilhaçado no chão, hoje eu procuro e escolho, por sabedoria e amadurecência, o amor...
Escolho mergulhar. Já não mais quero ficar na superfície esperando as ondas havaianas me levarem à beira sem eira.
Quero azul e silêncio. Quero sorriso. Compreensão. Colo. Amizade. Quero aconchego e sossego.
Quero a sorte do amor tranquilo, com sabor de fruta mordida.
Ainda estou com as reticências e interrogações na mão, mas deixo algumas palavras fluírem em sua direção.
Talvez escolha mergulhar, para jamais morrer sem sentir o oceano.
Talvez escolha me orgulhar, para não repetir erros passados e dar espaço para o novo.
É provável que eu escolha o simples arbítrio de deixar...
De deixar o universo me tocar. Escutar a melodia que ecoa em cadências estelares e descobrir o que ele reserva.
Deixar-me tocar pelo brilho que ainda perpassa com a simples troca de olhar.
Não posso negar...
Ainda existe algo ali, que me puxa pra dentro de ti...
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