terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Amém

                            Romero Brito               
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Eu plantei palavras e gestos, sementes de minha alma, em cada terreno fértil que encontrei...

O que colherei?

Vou colher esperanças perfumadas de dias inesquecíveis, beijos azulados, sorrisos ensolarados, meu suor de trabalho, meu recomeço, minha paz, meu sossego, meu aconchego, meu sucesso, minhas realizações, vou colher os sonhos esquecidos, a minha vitória.

Vou te colher maduro do pé, e meus dias terão gosto do teu querer. Vou colher estrelas ao anoitecer, a chuva que lava e limpa, vou colher garra e determinação, vou colher melodia e canção para ninar meu coração de quem faz acontecer, de quem ama a arte e faz dela sua espada de luta e glórias.

Vou colher amor, vou plantar amor, respirarei amor...

Re-nascer! Re-viver! 

IN LAKES´H  #2010


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domingo, 20 de dezembro de 2009

Canção Recolhida




Klimt

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♫Santos sacrifícios
Eventuais lamentos
Sanando futuros dissabores
Curando ais emitidos


Não mais me chegue
Com esse olhar tão seu
Tão calado, tão guardado
Emudecendo a cada grito meu

Seu sorriso de canto
Cantando desculpas
Que não encaixam
Não acabam


Sonhos desvalidos
Insensatos, perdidos
Senteciam desejos
Descabidos

(Refrão 2x)


Vá tão só
E me deixe com esse pó
Que eu recolho em canções

Santos sacrifícios
Eventuais lamentos
Sanando futuros dissabores
Curando ais emitidos

Não mais me chegue
Com esse olhar tão seu
Tão calado, tão guardado
Emudecendo a cada grito meu

Seu sorriso de canto
Cantando desculpas
Que não acabam
Não encaixam

Sonhos desvalidos
Insensatos, perdidos
Senteciam desejos
Descabidos

(Refrão 2x)

Vá tão só
E  me deixe com esse pó
Que eu recolho em canções

Assim será melhor
E cada pormenor
Será mantido
Esquecido
Recue, guarde seus passos
Seus laços frágeis♫

(Refrão 4x)

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Composição de Camila Custodio e Erlan Ribeiro feita em nov/2009.  (Link para escutar a música no título)

sábado, 12 de dezembro de 2009

Você pra mim...




Marc Chagall
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Você pra mim tem todos os sons.



Transbordam em meus ouvidos, incitam meus instintos, me convidam a ficar e me deixar levar por melodias tão doces. É um tilintar suave e ao mesmo tempo imponente, é um cantarolar sonoramente encantador.

Você pra mim tem cor de mar.


 Azul penetrando-me gigantescamente. A imensidão de água molhando meu coração, trazendo bálsamo, uma calma que a minha alma há muito não sentia.

Azul regenerador, purificador, misturando-se ao meu carmim intenso. Sereno azul me deixa púrpura com nossa mistura.

O azul do céu, o azul do mar, o azul que está em tudo, que domina e ensina a sorrir além do horizonte.




Não tem nada de impactante. É uma pacífica sensação viciante.


É navegar em mares calmos com marolas a beijar o barco. É não ter destino, nem direção. Só se perder na imensidão.


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"Você pra mim" é um texto que anseia em ser publicado, mas por enquanto está censurado. Se revelará pouco a pouco, frase a frase, num enorme quebra cabeça literário.
A boca fala daquilo que está cheio o coração. Mas minha boca ainda permanece soterrada nos escombros do silêncio.
Um dia, só existirão os sons, eles preencherão todos os espaços.
Devore em pequenas porções. Saboreie suavemente.
E especialmente permita-se apenas, sentir...




terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O destino ri da minha cara!


Salvador Dali

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O destino ri da minha cara!

Sou o saquinho de papel rodopiando ao bel prazer, como no filme Beleza Americana.

Alguém filma meus rodopios lancinantes, girando em torno das mesmas coisas, e se diverte com isso.

Ele me atira ao céu e depois me lança ao inferno, brincando com meus sonhos e sentimentos.

Quando tento tomar as rédeas e sigo incansável como Édipo tentando fugir do meu destino inexorável, fugindo das previsões do oráculo grego, eu, assim como o protagonista e antagonista grego, deparo-me justamente com o implacável mestre, o mestre que me faz curvar diante de sua imponência.

Imponência essa que machuca e acaricia meu coração sensível.

Canso de fugir e rendo-me aos seus caprichos. Sou uma aprendiz obediente. Curvo-me. Mas lá vem ele de novo, a me maltratar, a me cansar com seus jogos de poder e sedução.

Transformo-me numa rebelde, numa Antígona que não se conforma com leis humanas e vai contra Creonte. Termino meus dias, derrotada e feliz porque agi de acordo com minhas convicções.

E ainda mais, quando volto a andar pelos trilhos que escolhi, lá vem ele de novo a rir da minha cara, lá vem decepções e amarguras!

Transformo-me então, numa Medéia enfurecida. Urro, contorço-me, mas não aceito que brinquem de tal forma com sentimentos tão puros. Torno-me uma devoradora de corações, pra que meu próprio coração se salve de toda a lama que insiste em me devorar.


E como diz Joana, Medéia brasileira  belamente retratada por Chico Buarque e Paulo Pontes na peça "Gota D´Água":


"Pra não ser trapo, nem lixo, nem sombra, objeto, nada.

Prefiro ser um bicho, esta besta danada..."


E canto um canto sem fim, um pedido eterno, lamuriando aos cantos, o canto ecoando aos quatro cantos:


♪ "Deixe em paz meu coração,

Que ele é um pote até aqui de mágoa,

E qualquer desatenção, faça não,

Pode ser a gota d' água." ♪


E assim vou vivendo. Seguindo minha paz,  procurando ser justa, boa.

Ora fugindo, ora me entregando ao destino.

Esse Deus que me castiga e me abençoa, me ensinando que viver sem amor, não é viver.

Que o amor universal é a cura pra os meus males e feridas.

A vida me diz: "Ame, se doe, sem esperar nada em troca."

Por isso amo teatro.

Por isso amo educar.

Por isso amo aqueles que não me compreendem.

Mas amo muito mais, aqueles que me aceitam como eu sou.

Uma garota imperfeita em busca da imperfeição.

Pois, através das falhas, chego ao céu, ao universo.

E assim sigo, feliz!

Pois, mesmo sendo ironizada por este ser implacável, sou uma eterna aprendiz.

Estou de braços sempre abertos!

Sigo adiante, sabendo que meu dia chegará.

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(Reflexões sobre minha vida, personalidade, acontecimentos, teatro, relações, comportamentos, crenças.
 Escrevi em junho de 2008, mas achei cabível pelo momento que estou vivendo, publicá-lo aqui, um ano e meio depois.)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Bololô



Klimt

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Basta sentir sua presença por perto.


Mil portas se abrem, escancarando desejos que se escondem por trás delas.

Vislumbro sua figura, seu porte atlético de coxas delineadas por seu futebol às quintas.
Longe, olha-me com seu olhar inconfudivelmente recolhido, dentro dele guarda sempre os melhores segredos que escapam fugidios, às vezes  revelam-me detalhes.

O sorriso, é o mais irressistivelmente sexy e levemente misterioso que já vislumbrei. Na verdade, oculta apenas palavras, mas explode em significados cada vez que ergue suas pontas para os lados.

Fico de longe te olhando.

Nem sei dizer como estou, do outro lado da porta. A placa de aviso bem ao seu lado diz: “Cuidado, pista em obras”. Mordo os lábios, levemente nervosa. Releio a frase de alerta, mas minha atenção escapa para o seu contorno. E a frase perde significado. É como se momentaneamente ficasse cega ou até mesmo analfabeta e enxergo borrão ou um conjunto de símbolos sem nexo.

Ficamos instantes na fronteira nos observando. Tento ler seus pensamentos. Tento ler os meus. Eles perpassam tão apressados que chegam a inexistir. Resta somente um instinto, um impulso.

Impulso.

Instinto.

Insano.

Profano.

Soberano.

Sagrado.

Desejado em pensamentos fugidios que batem em portas proibidas e saem correndo apressados e arfantes!

Quem ousa cruzar a linha de partida e partir em direção a imensidão?

Você ou eu?

Não sei quem inicia o primeiro movimento, apenas finda a paralisia muda de controle racional.

Finda qualquer externidade, findam os pensamentos contraditórios, findam os murmúrios abafados de “melhor não”. E como dois tresloucados de desejo, nos jogamos na mesma direção.

O bololô que se segue é inexplicavelmente prazeroso e inenarrável.


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