quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O que resta?

Edgar Degas
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Resta o nada.
O vazio.
A lembrança.
O desenho imaterial de tantas cenas vividas, vai se apagando lentamente. A dor se sobressai vitoriosa, implacável, permanentemente remexendo, cutucando, raspando nas paredes da sanidade, arrancando pinturas, reboque, desgastando os tijolos.

A dor física, um fisgar, um torcer no peito, oprimindo, comprimindo, sugando o que havia de bom, domina. Somente a boca se abre. Escancarada e muda. O som não sai. O medo não se esvai.

Tudo permanece. Rígido, molhado, denso.

Sombra. A pesar o coração.
Peso. A sobrepor-se na escuridão.
Não existe consolo, remédio. É a constatação cruel, que o que existia, não mais vive além de nuvens de algodão nas mentes dos que amam, a rodopiar no salão da morte.
O silêncio entrecortado por espasmos. Por soluços delirantes.
A loucura aparece como libertadora da opressora realidade. Entregar-se ou debater-se?
Entregar-se a dor, debater-se para a realidade?
Debater-se na dor, se entregar a realidade?
Não há escolhas, não há caminhos.
A terra abafando os últimos resquícios de uma vida que existiu. Abafando sorrisos compartilhados, de tantos sonhos sentidos, de sentimentos intensamente vividos. Abafando suor, lágrimas, cheiros, sensações, imagens, de expectativas, de sangue a correr nas veias, de palpitações, de vida!
De uma menina...
De uma doce menina... que se foi para sempre.
E a dor, tão gigantesca, transforma-me num ser tão pequenino.
E as pequenas lembranças, são o que restam para não me esquecer das grandezas. Da grandeza de menina que era. Que é, e pra sempre será, pra aqueles que te amam. Para mim.
Vá e voe, lindo anjo doce, nas nuvens de algodão.Traga-nos a chuva, a banhar-nos de paz e imensidão.

(Texto escrito a partir de uma vivência para a construção de minha personagem, para o curta metragem "Cerimônia". Elisa, perde a irmã mais nova, de apenas 17 anos, repentinamente. Dedico a um grande amigo, Vini, mais conhecido como "Cu", que perdeu o pai recentemente. Dedico a todos que já tiveram uma perda irreparável como essa. Que Deus, possa confortar e iluminar nossos corações. AMÉM)



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