quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Insanidade


                                
     Salvador Dali

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Em minhas costas, não enxergo luz.

Em minha frente, enxerto deserto em vida.

Tudo é um sem sentido, tudo é um sem sentir.

Pergunto-me, quando vislumbro da janela um zigue zague incessante de carros passando: Qual o sentido?

Qual a sanidade contida na contemporaneidade das relações que escapam pelos dedos, como grãos de areia?

Corpos que passam apressados, apanhando da correria, sendo açoitados pelo pouco sono, marcados pelo excesso de olheiras, pelo balancear dos ônibus lotados, pela tensão do trânsito parado, pela parada brusca do freio do metrô, por não olhar para os lados, por não sentir.

Sentir? Qual o sentido de sentir? Não se sente, por mais que se tente. Não se pensa, por mais importante que seja o pensamento. Vegeta-se entre a primeira e a infinita última festa, o primeiro e o infinito trabalho, entre o primeiro e o infinito estudo.

Sobra o pó.

Poeira úmida que gruda, que impregnada na alma causa desesperança.

Desânimo, desencanto projetado no consumismo exacerbado.

A insanidade de sermos líquidos, de escorrermos feito água pelos canos de esgoto.

De navegarmos no mar escroto de dejetos produzidos pelo egoísmo, execrado no dia de nossa mudança.

Enquanto isso, olhos insanos vigiam a noite e o dia, corpos insanos repousam na loucura à procura de mais sossego, aconchego de sentido, para sentir e viver sãos.

Um dia são.

Um dia grão.

Um dia pão.

Um dia coração.

Um dia não.

Não mais aceitar estar na beira sem eira, sem chegar, avançar em direção ao precipício.
Será o início da redenção o jogar-se no fim?

Fim...

Qual será o nosso fim?

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Texto construído para o processo de criação do espetáculo da Cia. Corpos Insanos.

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