sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Abstenho-me!

Salvador Dali
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De um estalo- como se meu coração adivinhasse a parte que me toca- levantei da cama para escrever.
O cansaço e o sono não venceram o passear tenso de minha mente entre teias confusamente armadas.

Ergui-me da cama, esperando dar alívio a minha prece noturna ; deparei-me novamente com paisagens turvas.

E quando a incompreensão desaguou pelos olhos mais uma vez, percebi que ali jazia a morte do que não vivi.

Elas escorriam tão quentes, tão desejosas de um pouco de sensatez, de amadurecência, de calma. Escorriam  tão frias entre os escombros dos restos de cansaço de dias boiando sem fim.

Escolhas são escolhas. Apenas colha aquilo que planta diariamente com gestos de desafetos ou palavras de melodia.

Eu escolho aquilo que me faz sorrir.
Enquanto meu sorriso esteve aqui, por você, meus dias foram lindos nesse querer.

Se deságuo, se transbordo em soluços por um amor vivido entre dias de sim e não, os sentidos se descabelam na minha frente ; embaraçada, torno-me.

Minha pura incapacidade de adentrar em jogos, de não ser versátil como água que vai penetrando entre os orifícios das rochas, nega-me a vivenciar  além do que meu respeito por mim me permite.

Sou o que sou.

É o que é.

Jamais tive a pretensão de modificar a maneira de cada um enxergar a vida. Vivo de acordo com minhas previsibilidades.

Se procura o oposto,  a imprevisibilidade de dias azuis ou rosas, se procura a casualidade para esconder nos seus escombros do medo, subterfúgios imaturos - seja feliz.

Escolho a simplicidade.
Escolho a liberdade de amar, de permitir deixar o amor maior fluir por todos os meus poros com tamanha força que a minha alma se torne melodia, rima, poesia.
De acreditar, de doar os mais sinceros afetos até que tudo fique sem nexo ou deixe de se encaixar.

Assim, cada um vivencia seu universo particular, com tudo que lhe cabe.

Vomito essas palavras no tilintar das horas. A madrugada me convida a acalmar. Não há porquê chorar.

Acho o cúmulo do absurdo, da impessoalidade, palavras que deveriam ser transmitidas pelas  íris -só sua luz e força poderiam falar a verdade- se transformarem em virtualidade barata.

A ti, meu sagrado manto, meu sagrado pranto, meu sagrado abster.


A ti, e a ninguém mais, somente a ti, o meu sagrado silêncio...

Abstenho-me.


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