quarta-feira, 3 de março de 2010

Ressignificar

                                                                    Marc Chagall
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Só quem desconhece o verdadeiro significado da palavra "amor" e todos os atos que a compõe, é que poderia culpar-se por um amor não ter acontecido.

Eu não me culpo por nada daquilo que vivi ou senti. E muito menos como agi durante o transcorrer. A culpa existe pra quem é egoísta e acredita que o amor é posse, é propriedade.

Amar é deixar ir.

Quando amo, amo inteira, amo solta, amo intensa, mas amo breve. Despeço-me prontamente quando a reciprocidade dá adeus e procura outras paisagens.

É simples direito de escolha, é livre arbítrio. Eu respeito a liberdade como a coisa mais pura e ilimitada que existe.

Jamais interferiria na felicidade alheia soltando palavras de arrependimento -que não sinto- chamando atenção pra minhas tintas fortes.

Além do mais, todo o meu orgulho, a razão e experiência acumulada de tantos amores não vividos, me obrigam a fazer um pacto real com meu sorriso.


Chorei sim; não vou interpretar o papel de insensível ou de quem não sentiu o estômago sair pela boca ao sentir tudo partindo-se ao meio.

Mas logo em seguida, como passarinho que perde seu ninho, tratei de cantar melodias soltas no ar, e compor um novo acolhimento para minha felicidade.

Só há o que lamentar, quando não se tem fé na verdade escondida por detrás de todas as coisas.


Seria simples presunção ou resquício de sentimento, atribuir minhas novas palavras a si? Ou quem sabe, uma tentativa de consolo?

Não vou ficar aqui pra descobrir...

Pra alguém que só quer sorrir, estou cansada de chorar incompreensões.

Viva sim, seja feliz. Agora faça silêncio pra eu seguir em frente. Minha boca morreu pra esse amor vivido através de palavras, na mesma noite que a sua abriu para me contar sua nova vida.

Estou buscando meu alimento longe das tuas cores, que um dia foram sagradas; hoje estão desbotadas.

Fechei meus olhos pra você. De alguma forma, sinto que tenta forçar minhas pálpebras a se abrirem e enxergar uma nova realidade, ou a antiga realidade.

Mas como um dia te disse, jamais as coisas voltam a ser como eram antes. Tudo sempre se ressignifica.

Forçar uma amizade instantaneamente, me soa tão hipócrita, tão insensível ao que vivi, banalizando todos aqueles longos dias me alimentando do seu sorriso, todos os dias que acordei sorrindo ao sonhar com você; as noites estreladas lembrando do brilho dos teus olhos.

Opto pelo silêncio. Ele, é mais sincero, respeitoso com o que vivi e preenche verdadeiramente os espaços.

Opto pelo tempo. Ele, é o revelador de verdades, cura, desintegra lembranças e as transforma em areia voando ao vento.

Só o tempo para ressignificar. Para pintar com novas tintas o que será de nós.

Tintas bem previsíveis, nada muito diferente do começo, do meio ou do final.

Mas sem o tempo, sem uma pausa, sem o silêncio, eu viveria engolindo verdades que não disse, engolindo ecos, saudando a dor diariamente.


A nossa maior dádiva é também nosso maior preço a pagar. É o combustível, a forma como nos alimentamos intelectualmente e espiritualmente através da Arte que nos une.

É a mútua admiração e respeito que eternamente - assim espero- sentiremos.

Guardo isso no meu baú sagrado de todas as coisas mais belas que eu tenho. O meu baú de coisas imateriais, que não tem valor monetário.

Te guardo aqui.

Mas por ora, deixe-me ir...

Estou vivendo, seguindo em frente, tateando no escuro por outras luzes a me iluminar.
O que sinto por você está profundamente guardado no meu coração.

E talvez você só venha a saber, no dia em que quiser realmente ver.

Algo me diz que estará ocupado demais pra enxergar.

Talvez eu também esteja ocupada demais para me importar.

E o que realmente importa?

Sejamos felizes.

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