sábado, 24 de julho de 2010

Saciar

Van Gogh
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Era mulher no portão às quatro horas da tarde; em uma hora que o sol já não mais arde, porém morosamente inicia a suave despedida.

De vestido carmim, sandálias ocre e cabelos cor de mel, ela ardia como céu inundado de fantasia rubra do entardecer.

Esperava há horas a saciedade  lhe visitar. Alguém lhe disse que chegaria após o sol baixar.

Logo, a noite chegaria enluarada, se despindo do dia e se enudecendo. Convenceria com suas sombras de luz, que estamos sedentos de todas as paixões latentes no ar; as paixões prontas para eclodir em reflexos.

De minuto em minuto, esperava.

E a saciedade não vinha. E de espera em espera, e de batida em batida do pé acompanhando sua impaciência, a saciedade mandava recado, mas não aparecia.

Quando a noite caiu, cansada, virou-lhe às costas. Foi buscar no poço da saudade, que ficava no quintal de sua casa. Chegando lá, descobriu que aquela água já não mais existia.

Estava na hora de caminhar. Quem sabe lá na frente, ela não veria um céu de estrelas cintilantes sorridentes, na forma de dois olhos a lhe fitar...

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