sábado, 8 de maio de 2010

Mais ouvidos, menos boca

Salvador Dali
                                                
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Somos todos mais ouvidos e menos boca.

Somos todos cinco sentidos e mais um sexto, para aqueles mais despreendidos; temos tato para encostar no mundo e sentí-lo, temos paladar para degustar o bem e o mal, temos ouvidos para ouvir a melodia do amor nos convidando, temos olhos para enxergar com o coração, temos a conexão com o universo ao redor.

Ando sentindo além do que gostaria, além do que minhas feridas me permitem sentir, para não me ver sangrar. Isso faz de mim tudo e nada.


Pois é na madrugada que choro em vão. Meu coração só queria enxergar menos a maldade alheia, queria  não perceber tanto a verdade em teia confusamente armada, a total falta de amor e respeito que circula por aí.

Meu coração só queria compartilhar e amar mais, me doar em amizade, choro, reza e sorriso; mas é impossível ser vida com tanta morte de empatia.

E a cada dia que eu tento em vão ser mais cristalina do que já sou, alguém me ensina que é só a dor que me aguarda.

Preciso aprender a comprimir numa caixa  as percepções que capto, as decepções e os desencantamentos diários; e, ao final emudecer e lacrar. Não vale a pena falar.

Só tem ouvidos para escutar a verdade que fere e liberta, quem é claro como água límpida; quem é azul do céu, quem é transparente como clara de ovo, quem é íntegro em cada gesto e palavra.

A mentira que ronda e fica à espreita de todos nós, só espera um momento a sós; um momento frágil, para sabotar nossa boca com a verdade mascarada.

Infelizmente, mentir pra nós mesmos ainda é o maior vício. E quem mente pra si, teria pudor de mentir para o outro?

Eu quero mais é fazer um silêncio doído, onde minha boca adormeça sem fim.

Mas nunca me calar para mim; ser espada e escudo, ser a minha maior arma na luta para transgredir  minha escuridão.

O que sobra é toda  falta.
O que resta é todo o conteúdo do nada.
O que ultrapassa é  desentendimento.
O que lamento é todo o tormento.


No momento, faço total silêncio. Guardo na caixa da solidão, deixo-a naquele canto empoeirado.

 Já arranquei tudo que sinto e coloquei na sua mão;  mesmo assim, continuas a ferir meu coração...

De que adianta falar em vão?


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