terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O destino ri da minha cara!


Salvador Dali

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O destino ri da minha cara!

Sou o saquinho de papel rodopiando ao bel prazer, como no filme Beleza Americana.

Alguém filma meus rodopios lancinantes, girando em torno das mesmas coisas, e se diverte com isso.

Ele me atira ao céu e depois me lança ao inferno, brincando com meus sonhos e sentimentos.

Quando tento tomar as rédeas e sigo incansável como Édipo tentando fugir do meu destino inexorável, fugindo das previsões do oráculo grego, eu, assim como o protagonista e antagonista grego, deparo-me justamente com o implacável mestre, o mestre que me faz curvar diante de sua imponência.

Imponência essa que machuca e acaricia meu coração sensível.

Canso de fugir e rendo-me aos seus caprichos. Sou uma aprendiz obediente. Curvo-me. Mas lá vem ele de novo, a me maltratar, a me cansar com seus jogos de poder e sedução.

Transformo-me numa rebelde, numa Antígona que não se conforma com leis humanas e vai contra Creonte. Termino meus dias, derrotada e feliz porque agi de acordo com minhas convicções.

E ainda mais, quando volto a andar pelos trilhos que escolhi, lá vem ele de novo a rir da minha cara, lá vem decepções e amarguras!

Transformo-me então, numa Medéia enfurecida. Urro, contorço-me, mas não aceito que brinquem de tal forma com sentimentos tão puros. Torno-me uma devoradora de corações, pra que meu próprio coração se salve de toda a lama que insiste em me devorar.


E como diz Joana, Medéia brasileira  belamente retratada por Chico Buarque e Paulo Pontes na peça "Gota D´Água":


"Pra não ser trapo, nem lixo, nem sombra, objeto, nada.

Prefiro ser um bicho, esta besta danada..."


E canto um canto sem fim, um pedido eterno, lamuriando aos cantos, o canto ecoando aos quatro cantos:


♪ "Deixe em paz meu coração,

Que ele é um pote até aqui de mágoa,

E qualquer desatenção, faça não,

Pode ser a gota d' água." ♪


E assim vou vivendo. Seguindo minha paz,  procurando ser justa, boa.

Ora fugindo, ora me entregando ao destino.

Esse Deus que me castiga e me abençoa, me ensinando que viver sem amor, não é viver.

Que o amor universal é a cura pra os meus males e feridas.

A vida me diz: "Ame, se doe, sem esperar nada em troca."

Por isso amo teatro.

Por isso amo educar.

Por isso amo aqueles que não me compreendem.

Mas amo muito mais, aqueles que me aceitam como eu sou.

Uma garota imperfeita em busca da imperfeição.

Pois, através das falhas, chego ao céu, ao universo.

E assim sigo, feliz!

Pois, mesmo sendo ironizada por este ser implacável, sou uma eterna aprendiz.

Estou de braços sempre abertos!

Sigo adiante, sabendo que meu dia chegará.

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(Reflexões sobre minha vida, personalidade, acontecimentos, teatro, relações, comportamentos, crenças.
 Escrevi em junho de 2008, mas achei cabível pelo momento que estou vivendo, publicá-lo aqui, um ano e meio depois.)

Um comentário:

  1. Texto ácido, hein?
    Bom para refletir sobre como somos bonecos na mão de Deus.

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