Picasso
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É o desconhecido, regente de uma orquestra silenciosa, quem invade as fibras que tecem as várias camadas de cascas que vamos criando por sob o núcleo.
O tempo leva para longe, assim como grãos de poeira, os significados mais preciosos de outrora. Quem tanto te fez sorrir, hoje já não mais é capaz de trocar duas palavras sinceras. Quem tanto te fez chorar, já não mais amanhece colado ao coração quando se desperta. Alguns desenlaços causam dor; outros vão lentamente se extinguindo feito chama que se apaga com o tempo.
Tudo se ressignifica. Devemos dar adeus na partida? Saudações na chegada?
Se pousarmos os olhos no mar e ali permanecerem estáticos, nada parece se modificar. Mas a lua sabe que a maré muda conforme seu olhar; seu humor dita os redemoinhos profundos que o movimentam.
Tudo se modifica lentamente. Às vezes tão devagar, que nem sentimos. Mas assim que os olhos se abrem no susto, os grãos que compõe a areia debaixo dos nossos pés, não são os mesmos.
No instante em que constatamos a mudança lenta e gradual, não devemos nos assustar. A nostalgia só nos levará ao beco das situações não resolvidas. Há de se parar e respirar o novo ar! E deixar que os novos grãos de areia façam graça em nossos pés. E rir do vai e vem contínuo e previsível do mar. Se encantar com seu azul, e sorrir, sorrir até enjoar!
Neste momento, em que sinto meus pés rirem, constato que não os mesmos grãos de outrora, percebo o desconhecido à minha volta. São vários. Me oferecem partículas de amor cheias de luz, alimentam-me com novos nutrientes.
São fatídicos ou reflexivos, são precoces ou sombreados, são simples ou engraçados. São mais que presenças ou adjetivos. São novos amigos que a vida oferece, os novos grãos nos pés fazendo graça, novos significados que se abrem como flores na primavera.
E os antigos? Talvez permaneçam em algum lugar e voltem, talvez voem para bem longe, não importa.
O que importa realmente, é se ainda há a capacidade de abrir frestas enluaradas, para que olhos curiosos e carinhosos, espiem. E se chegam ao núcleo, se decifram meio sorrisos ou olhares na foto, se decifram sonhos por detrás de singelas palavras, são capazes de adentrar por completo.
Estou aqui. Metade de mim, é o que vivi, os que amei, os que ainda amo e tiveram ou ainda possuem seu significado. Mas a outra metade é uma imensa fresta, esperando para que mil olhos me leiam e adentrem.
Sou toda imensidão à espera de novas imensidões a me penetrar, para então assim, compor um novo universo a desvendar.
Se sou o que sou, é por ter abrigado tantos em mim.
Ao longe, a orquestra silenciosa toca uma melodia de amor. O mesmo amor, que se manifesta de tantas e maravilhosas formas.
Só sente, quem é céu aberto de estrelas.
Sente?
♥´¨`♥•.¸¸.•♥´¨`♥•.¸¸.•♥´¨`♥•Dedico ao desconhecido, esta maravilhosa orquestra a reger nossos corações! À Alisson da Hora, quem soprou as primeiras palavras deste texto, e aos outros "desconhecidos" que assim como ele, hoje compõe meu céu de estrelas, Alexandre Nunes, Ronaldo Coelho, Gustavo Mazzarão e ao Leandro Novellino.
Obrigada por tamanha amizade e chuva de alegria que todos os dias me ofertam generosamente.
Eu que te agradeço, por ser um grão na minha vida, também...
ResponderExcluirbeijos grandes
Lindo,lindo,lindo..
ResponderExcluirPor que será que eu me identifiquei tanto?
Orgulho sempre.
Amei profundamente! :D
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